ABOLIÇÃO À BRASILEIRA
por Reinaldo Mariano de Brito - reisol777@yahoo.com.br

No Brasil, às pendengas judiciais, aos tortuosos caminhos legais da Câmara e do Senado, aos entraves e recuos provocados por infinitas discussões partidárias, aos conflitos entre os liberais e conservadores que antecediam a aprovação de qualquer nova lei contra a escravidão, deve-se acrescentar o fato de que, finalmente depois de aprovadas, essas leis tornavam-se letra morta, por isso é que no Brasil a luta legal contra a escravidão durou 80 anos.

Por pressão inglesa, a abolição tornou-se uma questão nacional e, numa jogada política, o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, promulgou em 28 de setembro de 1.871 a Lei do Ventre Livre (de poucos efeitos práticos - dava liberdade aos filhos dos escravos nascidos a partir dessa data, mas ficavam sob a tutela dos seus senhores até os 21 anos), tirando a bandeira abolicionista das mãos do Partido Liberal e garantindo que a libertação dos escravos fosse um processo “lento, gradual e seguro”.

Em Recife, é fundada uma associação abolicionista por alunos da Faculdade de Direito. Entre eles, Castro Alves, Plínio de Lima, Rui Barbosa, Aristides Spínola e Regueira Costa.

Em São Paulo destaca-se o trabalho de um ex-escravo (um dos maiores heróis da causa abolicionista), o advogado Luiz Gama, responsável pessoalmente pela libertação de mais de 1.000 cativos.

Em 1.880, políticos importantes como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio criam no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e políticos engajam-se em movimentos e arrecadam fundos para pagar cartas de alforria. O país foi tomado pela causa abolicionista e em 1.884 o Ceará decretou o fim da escravidão em seu território.

Em 28 de setembro de 1.885, tentando prolongar um pouco mais a abolição, o Parlamento aprovou a Lei Saraiva Cotegipe ou Lei dos Sexagenários pelo gabinete liberal do Conselheiro José Antonio Saraiva e aprovada no Senado, comandado pelo presidente do Conselho de Ministros, o Barão de Cotegipe. A lei concedia liberdade aos escravos com mais de 60 anos mediante indenização. Pensando friamente, a Lei dos Sexagenários beneficiou os senhores de escravos, permitindo que se livrassem dos “mais velhos” e cansados.

No início de 1.888, a impopularidade de Coelho Bastos (chefe de polícia do Rio de Janeiro), fez cair o ministério de Cotegipe (que afrontava abertamente a Princesa Isabel). Os conservadores permaneceram no poder, tendo como presidente do ministério João Alfredo.

Em abril de 1.888, Alfredo pensou em propor a abolição imediata da escravatura obrigando os libertos a trabalharem com seus senhores por módica retribuição por mais dois anos. Porém no mês seguinte, não mais conseguiu retardar o processo abolicionista, agora liderado pela própria Princesa Isabel.

Em 13 de maio de 1.888, Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, Princesa Imperial do Brasil, nascida no Rio de Janeiro em 1.846, filha de D. Pedro II e Dona Teresa Cristina, casada com Gastão de Orleans (neto do rei francês Luís Filipe), promulgou a LEI ÁUREA abolindo a escravidão no Império Brasileiro durante um dos períodos em que assumiu a regência em razão das viagens de seu pai. Foi, por isso, cognominada a Redentora do Brasil. Foi condecorada com a Rosa de Ouro pelo Papa Leão XII e, com a Proclamação da República Brasileira, exilou-se na França até sua morte em 1.921.

A Princesa Isabel elegeu a data do aniversário de seu bisavô Dom João VI para sancionar a redação que aboliu a escravatura no Brasil. A palavra Áurea vem do latim aurum e quer dizer feito de ouro, banhado a ouro.

O QUE COMEMORAR NO DIA 13 DE MAIO?!

Por mais que se diga ou se faça para comemorar e/ou homenagear os Pretos-Velhos que foram escravizados para atender interesses daqueles que sempre se julgaram acima de tudo e de todos, desde os primeiros tempos até os dias de hoje, datas como estas nos convidam a reflexões realistas e conscientes sobre essas mesmas comemorações.

Nenhum ato ou palavra será suficiente para apagar todo o mal que foi feito a esse povo e às conseqüências que isso desencadeou. Mais de 100 anos não foram suficientes para que os países escravocratas pudessem acertar as contas com seu negro passado.

Muitas negras criaram os filhos das brancas, enquanto não sabiam o destino de seus filhos. Fizeram isso com muita dedicação e amor, como pode se comprovar em pesquisas, relatos, filmes e até mesmo nas novelas, oferecendo seu peito cheio de leite a esses bebês e apegando-se a eles.

Por Pai Ronaldo Linares.
www.santuariodaumbanda.com.br

Muita proteção e luz a todos!!!

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Grande abraço,

EU SOU O EU SOU
Namastê
10/05/06
SOL777